António Cabral, um grande amigo da Galiza.

O SEU LABOR LITERÁRIO:
Já no campo das letras, a criação literária e as artes, fundou em Vila Real, em 1962, a revista Setentrião, a revista Tellus, da que foi o primeiro diretor em 1978, e o jornal mensal Nordeste Cultural, em 1980. Era ademais membro do conselho de redação da revista galaico-portuguesa O Ensino, editada pela ASPGP, a partires de 1981. Foi honrado com as medalhas de prata do mérito municipal das câmaras municipais de Alijó (1985) e Vila Real (1990). Foi eleito para as Malas Literárias em Portugal dos duzentos livros portugueses, no programa Territórios Ibéricos do período 2004-2005. Teve uma colaboração dispersa por revistas e publicações periódicas portuguesas, galegas e estrangeiras, destacando a sua colaboração semanal, entre novembro de 1993 e janeiro de 1995, no diário Público, com textos sobre tradições populares. Entre outros, colaborou no Semanário Transmontano, Entre Letras de Tomar, O Ensino, Notícias do Douro e Notícias de Vila Real. Teve importantes participações em programas de rádio e televisão, antologias escolares e poéticas, entre as que podemos destacar Poesia Portuguesa de Após-Guerra, Poesia 71, Oitocentos Anos de Poesia Portuguesa, Hiroxima, Vietname, Poemabril, Ilha dos Amores, O Trabalho e Poetas escolhem poetas. Alguns dos seus poemas foram cantados por Manuel Freire, Adriano Correia de Oliveira e Francisco Fanhais. Redigiu prólogos e apresentações de livros, e entre eles, o Cantar de Novo de Zeca Afonso e o Ser Torga de Fernão Magalhães Gonçalves, e também obras de escritores de Tras-os-Montes, com projeção ibérica, como Bento da Cruz e António Manuel Pires Cabral.

Devido a que é autor de numerosos livros poéticos, teatrais, de ficção, etnográficos e de ensaio, é impossível menciona-los a todos. Só de poesia publicou desde 1951 até 2007, 20 livros, e de eles destacamos Poemas Durienses (1963), Os Homens cantam a Nordeste (1967) e Bodas selvagens (1997). De ficção quatro, entre os que merecem ser destacados Memória Delta (1990), cuja ação transcorre pela antiga linha de caminho de ferro, de Chaves a Régua, tristemente desaparecida há anos, A noiva de Caná (1995). Escreveu seis obras teatrais, sendo O Herói a mais destacada, com a que conseguiu o 2º prémio da Academia Teresopolitana de Letras, de Brasil. Obras de ensaio publicou três relacionadas com a literatura e com Torga em especial. Embora, para mim, as suas obras mais importantes são as de carácter etnográfico e sobre a teoria lúdica, temas nos que era um experto excepcional. Publicadas entre 1980 e 2002, há 20 publicações deste gênero. Entre elas quero citar pela sua importância, muito especialmente, Jogos Populares Portugueses (1986), com um anexo dedicado aos jogos tradicionais da Galiza, Teoria do Jogo (1990), Jogos Populares Infantis (1991), Jogos Populares Portugueses de Jovens e Adultos (1991) e O Jogo no Ensino (2001).

Para as suas investigações sobre jogos tradicionais e ludo-teoria, entre 1988 e 1991, contou com uma bolsa do Ministério de Educação português. Durante esse tempo disfrutou de uma excedência especial na sua docência, para poder levar a cabo as suas pesquisas etnográficas e educativas. Os livros sobre estes temas o projetaram internacionalmente e por isso o convidaram a participar em congressos e seminários internacionais com Galiza, Espanha, Brasil, Bélgica, suíça, Noruega, Dinamarca e Canadá. À Nossa Terra, Galiza; vinha sempre muito à vontade, pois sem dúvida, Cabral foi um grande amigo da minha terra galega. Como no seu dia o foram Teixeira de Pascoais, Manuel Rodrigues Lapa, Zeca Afonso e Joaquim Rodrigues dos Santos Júnior. E como o é o Padre Fontes, por sorte entre nós, que também sempre foi um grande amigo de Cabral.

 

Prof. Reformado da Universidade de Vigo, Presidente da Asociación Socio-Pedagóxica Galaico-Portuguesa (ASPGP) e Académico da Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP).