Hipocrisia.

Entre o inicio e o remate desenrolou-se o ato propriamente dito. Na Mesa o Presidente da Deputação, o Conselheiro de Cultura,o Académico Ramón Villares e Luis González Tosar, que lembravam e parabenizavam toda a lavoura realizada por Rodolfo Prada (nascido em Os Peares) a carom de Castelao. O contido dos parlamentos foi curioso. Tosar falou de nacionalismo, de nacionalistas e de patriotas, Castelao e seus companheiros foram definidos como nacionalistas e patriotas; desde meu lugar não via a cara do presidente nem do Conselheiro, só a de Villares com um sorriso que não fui capaz de interpretar. Rematado Tosar falou Villares que fixo um relato algo desmistificador do galeguismo, de galeguistas e do Conselho de Galiza no exilio, logico havida conta de que é professor de historia e historiador; foi um relato interessante com dados pouco notórios e a leitura de alguma carta inédita de Castelao apresentando a Roberto Prada a destinatários do PNV ou do Governo no exilio em Paris. O Conselheiro, pô-la sua parte, não se votou fora do nacionalismo, reconhecendo o carácter nacionalista de Castelao e Roberto Prada, mas destacando que não era independentista, e anunciando que o quadro da “derradeira leciom do mestre” também seria exposto em Ourense. E por fim o Presidente, com um discurso bem artelhado que recorreu as claves não só do motivo do ato, divulgar a importância de Roberto Prada na chegada de suas cinzas e no aniversario da morte de Castelao, e mais futuras atividades a desenrolar (estudos, edição das cartas cruzadas entre Prada, Castelao e outros, etc.) dentro da posta em valor da ourensania; e uma apostilha final muito curiosa: como os anteriores falou de nacionalismo, do nacionalismo no que ele creia que era o nacionalismo cultural e que desde o particular, tínhamos que conservar e defender fronte á globalização, Fixo-me lembrar que na pre-autonomia um Conselheiro de Obras públicas, de A Estrada, fazia sua proposta de que o galego deveria ficar reduzido a ser falado entre aqueles que gostávamos do idioma.

Como não me integro neste tipo de atos, observo sem paixão o comportamento gregário dos assistentes de simpatia pola galeguidade ou polos galeguistas homenageados, mas som capazes de votar contra o ensino do galego ou contra a obrigatoriedade de atender em galego na Administração. Assistem aos atos porque precisam dar-se a ver, aplaudem generosamente e adoptam a postura mais acaida em cada circunstancia; muito aparente galeguismo, mas nem votam aos que tenhem para Galiza um projeto de desenvolvimento político e económico nacional nem os votados revelam lealdade a seu povo. É a hipocrisia em estado puro. Um escacha de prazer quando vê aos representantes bascos exprimir-se no Congresso falando de seus problemas ou receber noticias de que nas Ilhas Baleares estabeleceu-se a obrigatoriedade das comunicações nos Julgados em catalão, quando aqui somo espécimenes extravagantes os que apresentamos nossos escritos forenses na nossa língua, onde se nos vigila incluso que não tenhamos faltas de ortografia, como um haver com v ou um hoje com j.

Apostilhar que o nacionalismo cultural sem o nacionalismo político fica incompleto e sujeito sempre aos desígnios dos políticos não nacionalistas.
Necessitamos uma injeção de dignidade e afirmação no nosso.

Advogado. Ourense - Vigo - Porto