Embaixada de Portugal em França lançou catáogo de autores portugueses

Editados e traduzidos desde 1973

París/LusoJornal | A Embaixada de Portugal em França lançou ontem um “catálogo exaustivo” de todos os livros de autores portugueses editados/traduzidos em França nos últimos 50 anos. O site foi apresentado pelo Embaixador José Augusto Duarte e pela Conselheira Cultural e Diretora do Instituto Camões em França, Isabel Corte-Real.

Em 50 anos esta ferramenta identificou cerca de 1.500 obras editadas. “Eu estava à espera de mais” disse José Augusto Duarte. “Parece-me pouco porque a França é um país de cultura, é uma sociedade que gosta de consumir livros”.

“É um número impressionante” considerou o editor Michel Chandeigne. “Não creio que haja mais livros espanhóis editados em França” disse ao LusoJornal. Esta ferramenta online quer-se de consulta fácil, em que se pode pesquisar por autor, por obra, por editora, por tradutor e por ano de edição.

“Este é um instrumento de trabalho, sem qualquer outra pretensão, queremos ter uma visão global, saber quantos autores estão traduzidos, quem está traduzido e quem ainda falta traduzir. Saber o que já existe para podermos motivar as editoras a traduzirem mais” explicou o Embaixador português.

“Este site é uma ferramenta para quem esteja interessado ou quem esteja diretamente ligado à literatura portuguesa, como professores universitários, escolas, bibliotecários, estudantes, mas pensando também que pode ser uma ferramenta para quem quer descobrir essa literatura” explicou ao LusoJornal Isabel Corte-Real, a Conselheira Cultural da Embaixada.

José Augusto Duarte agradeceu aliás o trabalho da equipa do Instituto Camões em Paris. “É bom o Embaixador ter ideias, mas se não houver pessoas para as concretizarem, nunca serão postas em prática” disse o Embaixador. “Por isso estou profundamente grato àqueles que fizeram este trabalho em pouco mais de quatro meses”. “É um trabalho importante e que tem de ser felicitado. Fazer esta recolha em cerca de 4 meses é um trabalho fantástico” considerou por seu lado Sylviane Sambor das edições L’Escampette.

Oficialmente, este site lista as obras publicadas em França nos últimos 50 anos, desde 1973, mas na realidade, há duas exceções de dois livros de 1972: “Le Portugal bâillonné” de Mário Soares e “Évolution sans révolution” de Marcelo Caetano. “Poderíamos ter recuado muito mais no tempo, mas também a ideia era de ter mais a contemporaneidade” confirma Isabel Corte-Real em declarações ao LusoJornal.

Agora, a Conselheira cultural diz que o site tem de estar em permanente atualização e explicou que nos anos 80, houve um salto importante no número de obras traduzidas e publicadas em França, “que coincide com o período em que Eduardo Prado Coelho era Conselheiro Cultural desta Embaixada”.

Em 1994 foi publicado um Catálogo de traduções francesas de autores portugueses, pela Fundação Calouste Gulbenkian. Aliás, na sala estava Luísa Brás de Oliveira que foi grande impulsionadora desse trabalho. Estavam cerca de 30 convidados neste lançamento, entre editores, tradutores e professores. Todos felicitaram a Embaixada pela iniciativa e louvaram o novo suporte agora criado. Isabel Corte-Real explicou que todas as editoras francesas foram contactadas. “Estabelecemos agora um novo contacto com as editoras e esperamos manter este contacto para atualizarmos o nosso catálogo”. Mas o interesse vai mais longe: confessando “não conhecer bem os meandros da edição em França”, a Conselheira da Embaixada pretende agora motivar as editoras para traduzirem e publicarem mais autores de Portugal.

Fernando Pessoa, Agustina Bessa Luís, José Saramago, Lobo Antunes, Gonçalo M. Tavares, José Luís Peixoto, Lídia Jorge… são os mais traduzidos, mas a lista também tem obras de Raul Brandão, Eça de Queirós, Almeida Garrett… O próximo passo é a divulgação do site, mas Isabel Corte-Real pensa já em alargar também a sua área de ação a outros setores, como por exemplo o da ilustração, do cinema ou das teses e atas de colóquios.