Paredes de Coura apresentará reedição de ‘A Casa Grande de Romarigães – Aquilino Ribeiro’

Um dos romances históricos mais notáveis da literatura europeia

Paredes de Coura | A Casa Grande de Romarigães, de Aquilino Ribeiro, unanimemente reconhecido como um dos livros mais marcantes da literatura portuguesa do século XX e um dos romances históricos mais notáveis da literatura europeia, vai dar à estampa uma nova edição prefaciada por Mário Cláudio e ilustrações de João Abel Manta esta sexta-feira, dia 27 de maio, pelas 18h00, precisamente na Quinta do Amparo, localizada na freguesia de Romarigães, em Paredes de Coura.

A apresentação da obra estará a cargo de Mário Cláudio e da professora de Literatura Portuguesa Contemporânea Serafina Martins – paralelamente também serão lançadas as edições galega e castelhana, publicadas pela Kalandraka Editora –, numa iniciativa que também promoverá um novo espaço expositivo dedicado à vida e obra de Aquilino Ribeiro que está a nascer dos trabalhos de restauração da Quinta do Amparo, na sequência do protocolo assinado em 2019 com os herdeiros daquele imóvel situado na freguesia de Romarigães.

“Neste momento está a decorrer o projeto da reabilitação física e funcional da Quinta do Amparo mais conhecida como Casa Grande de Romarigães, fruto da obra literária de Aquilino Ribeiro que tornou este local num dos ícones culturais do Norte de Portugal”, recordou Vitor Paulo Pereira, presidente da Câmara de Paredes de Coura, explicando que “entenderam a família proprietária e a Câmara Municipal, ser oportuna a celebração de um acordo de comodato que permite o desenvolvimento de um projeto capaz de preencher várias necessidade que procurarão aprofundar a relação emocional e pessoal do escritor com Paredes de Coura bem como valorizar um Imóvel de Interesse Público devolvendo-lhe a dignidade justa e apostar num projeto de desenvolvimento literário e turístico de Paredes de Coura”.

Aquilino, Mário Cláudio, Valter Hugo Mãe
O autarca courense sustenta que “através da literatura e das memórias do lugar será possível fomentar o turismo cultural do concelho com uma oferta inovadora e capaz de contribuir para o aumento de visitantes e a atenuação da sazonalidade turística”. Vitor Paulo Pereira não tem dúvidas que “a obra e a bela Casa Grande de Romarigães, bem como o Centro Mário Cláudio fazem parte da estratégia de promovermos Paredes de Coura como território literário”.

Recorde-se que ainda recentemente, o escritor Valter Hugo Mãe também escolheu Paredes de Coura para passar um longo período e criar a sua mais recente obra, ‘As doenças do Brasil’. Já quanto à Casa Grande de Romarigães/Quinta do Amparo – onde viveu Aquilino Ribeiro, fruto do seu casamento com a filha de Bernardino Machado –, está em fase de finalização dos profundos trabalhos de restauro tendo em vista a sua dinamização enquanto polo cultural de Paredes de Coura e deverá estar concluída no mês de setembro.

A reedição da Casa Grande de Romarigães, através de uma parceria com a Bertrand, insere-se na “consolidação da estratégia” promovida pelo Município para dar corpo à ideia de Paredes de Coura como território literário.

Num outro âmbito, “a boa relação e o entendimento que estabelecemos com a editora Kalandraka”, como sugere Vitor Paulo Pereira, permitiram também a tradução para galego e castelhano desta obra que agora chegará também aos leitores de Espanha.

A Casa Grande de Romarigães
A narrativa da Casa Grande de Romarigães constrói-se a partir de manuscritos encontrados no restauro da casa que foi solar dos Meneses e Montenegros e conta-nos a história das sucessivas gerações que, para o bem e para o mal, a habitaram. Uma trama ficcional que começa no tempo dos Filipes, mas que se estende por inúmeros momentos marcantes da nossa História, nomeadamente a Guerra da Independência, as Invasões Francesas e a Guerra dos Dois Irmãos.

Aquilino Ribeiro
Aquilino Ribeiro nasceu na Beira Alta, concelho de Sernancelhe, no ano de 1885, e morreu em Lisboa em 1963. Deixou uma vasta obra, na qual cultivou todos os géneros literários, partilhando com Fernando Pessoa, no dizer de Óscar Lopes, o primado das Letras portuguesas do século XX. Foi sócio de número da Academia das Ciências e, após o 25 de Abril, reintegrado, a título póstumo, na Biblioteca Nacional, condecorado com a Ordem da Liberdade e homenageado, aquando do seu centenário, pelo Ministério da Cultura.

Em setembro de 2007, por votação unânime da Assembleia da República, o seu corpo foi depositado no Panteão Nacional.