Caminha viu partir o último barqueiro

Tralo falecemento de Teodósio Cairrão Afonso, "Nonó", aos 81 anos

Caminha/Caminh@2000 | Numa altura em que se volta a falar com insistência no futuro da ligação fluvial entre Caminha e A Guarda, após o ferry-boat Santa Rita de Cássia, agonizante junto ao cais de atracagem na margem portuguesa, ter os dias contados, recordamos que esta embarcação surgiu após a última barca de passageiros (“Zizita”) lhe ter cedido o lugar em Dezembro de 1995.

Na passada Terça-feira faleceu aos 81 anos na sua residência na Rua da Matriz, Manuel Teodósio Cairrão Afonso, popularmente conhecido por Nonó, o último barqueiro da foz do Rio Minho e figura de destaque do Corpo Activo dos Bombeiros Voluntários de Caminha desde 1973, até que passou ao quadro honorário em 2002 com o posto de Bombeiro de Primeira, cuja farda fez questão de que o acompanhasse quando falecesse, e assim sucedeu, tendo uma guarda de honra composta por seis bombeiros caminhenses no seu funeral.

Após ter sido empregado de António Tavares Gomes (Molha) e de António José Rio Tinto, donos da lancha Zizita, viria a adquiri-la ao primeiro em 1990, mantendo-se na sua posse até que o ferry-boat deu azo a uma nova ligação cinco anos mais tarde, e em cuja tripulação foi integrado, mantendo dessa forma a carreira de transportes por mais alguns anos (1990-1995).

Recorde-se a importância das ligações regulares através de barca, inicialmente à vela e mais tarde por uma motora, na qual o presidente da República Bernardino Machado, cruzou o Rio Minho em 1932 para se exilar em A Guarda. Antes disso, inúmeros estudantes portugueses a utilizaram igualmente a fim de irem estudar no Colégio dos Jesuítas, em Camposancos.