Autarcas do Alto Minho: “procedimento de consulta pública sobre o lítio é ‘desastroso’ e ‘oportunista”

Convocado pela direção Geral de Energia e Geologia (DGEG)
A Serra d`Arga é un dos entornos mais afectados pola produción de litio.

Alto Minho | Vários autarcas do Alto Minho mostraram-se desagradados com a abertura da consulta pública por  parte da direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) do relatório de avaliação ambiental preliminar do Programa de Prospeção e Pesquisa de Lítio das oito potenciais áreas para lançamento de procedimento concursal. Entre elas a Serra d’Arga.

Miguel Alves, presidente da Câmara Municipal de Caminha, mostrou-se surpreendido. Classificou mesmo de “desastroso e incompreensível” este timing de procedimento. Um documento que surgiu, note-se, pouco mais de 24 horas, após as eleições autárquicas.

Há autarcas em término de funções, outro só tomarão posse daqui a 20 dias e, entretanto, fica a ideia no ar que existiu um conluio entre autarcas e Governo para o relatório sair depois das eleições”, critica o autarca socialista.

Já Fernando Nogueira, presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira ainda em funções, acusa o Governo de “oportunismo político”. O autarca independente considera mesmo que o Executivo de António Costa quer  “esconder decisões” ao iniciar a consulta pública do relatório de prospeção de lítio, dois dias após as autárquicas.

“Parece-me oportunismo político com o objetivo de esconder decisões que as populações repudiam e assim enganar os incautos no ato eleitoral que decorreu no domingo”, disse Fernando Nogueira.

“Parece-me oportunismo político com o objetivo de esconder decisões que as populações repudiam”

O autarca independente, que no domingo perdeu as eleições para o candidato do PS, Rui Teixeira, referiu que ainda não teve oportunidade de ler o documento, com quase 300 páginas, mas considerou que “o momento em que é publicada a consulta pública é oportunisticamente favorável, pois anda tudo distraído, população e autarcas, com o rescaldo dos resultados eleitorais das autárquicas e instalação dos novos órgãos”.

“Tenta-se evitar a discussão séria que o Governo não quer fazer”, criticou Fernando Nogueira.