Velorios.

Antón Bértolo foi todo um persoagem no nacionalismo galego da segunda metade do século passado; foi um referente da luita que mantivemos tantos de nos contra o franquismo; seu amor a Galiza custou-lhe saude, dinheiro, sacrificios e incluso cárcere. Parece incrível que o nacionalismo ou os nacionalistas que com ele convivimos, que tantas vezes sentimos medo e alegrias juntos, que tantas vezes superamos temores apoiados no contacto recíproco, podamos deixar que transcorra o tempo sem recuperar sua figura, sua entrega.

Filhas e mulher orgaizarom um funeral á sua medida. Foi uma festa da palavra e do sentimento na sua adega, bebendo o vinho que ele comenzava a elaborar para plantarse no mercado com um albarinho (condado) de qualidade e brindando polo seu irrenunciavel recordo. Um fumeral laico mais emotivo que qualquera religioso porque alí ninguem dirigia aos assistentes senom que todos livremente manifestamos noso mais profundo sentimento ou as anedotas mais divertidas com Antón. Pensei que nunca o esqueceriamos; não sou o único que não o esquecim, sinto que vive em mim mas tambem quando ainda atopo amigos de aquela época, sempre o referente é Antóm Boticas.

Outro que lembrei foi o amigo, ainda que por idade pudera ser meu filho, Luis Crego. Luis penso que foi a pessoa mais boa que conhezim na minha vida e tinha uma companheira igualmente boa. Luis foi empregado no meu escritorio, depois trabalhou na ONCE, de familia do Ribeiro que tambem eu sinto como minha. Era animoso, aventureiro, e irradiava simpatia. Seria superfluo acrescentar caracteres que adornasem a Luis pois englovava todos, era naturalmente bom. Tambem cómplice por uma Galiza soberana. Morreu novo, quando havia alcanzado uma estabilidade de vida e de futuro. Realmente o de Luis foi um roubo, nos roubaron aquele ser que te reconciliaba com uma humanidade cada vez mais egoista e insolidaria. Os irmaos e a companheira tiverom a feliz ideia de reunirnos aos amigos na Taberna de Lino (em Moaña) que Luis frequentava, e alí tivemos um acto lúdico, num precioso dia de sol no que músicos, escritores, rapsodas, cantantes, e todos amigos de Luis pudemos dicer nossos sentimentos, pudemos cantar, comer (algo mais que pinchos) e beber; tambem emocionarnos e incluso chorar. Assim despedimos a Luis desta dubidosa realidade, mas conservamolo no real e efectivo sentimento.

E olha como uma broma a conta de um funeral pouco comúm aflorou a coincidencia de outros dous funerais totalmente sentidos de dous amigos queridos, ambos recordados, mas que merecemn um recordo mais compartido.

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